domingo, 2 de janeiro de 2011

COMO ESTRELAS NA TERRA, TODA CRIANÇA É ESPECIAL


Na minha última aula presencial de 2010 (teve outra, mas faltei), assistimos este filme magnífico! Aliás, assisti uma segunda vez com outras pessoas que não são da área de educação e eles choraram (incluindo dois homens machistas). Para nós, professores e aspirantes, pais, alunos, um prato cheio de discussão. Para quem já assistiu, convido-o para participar destas reflexões, para quem ainda não teve o prazer, faça-o! Belíssimo filme!
Nossa professora pediu-nos para escolher uma cena e falar sobre. Incapacitada de escolher uma em especial, encontrei com muito custo este vídeo com fragmentos de diversas partes do filme, dando para alguém que ainda não o viu, perceber sua essência. O personagem principal é uma criança com dificuldade na escola, em especial na leitura e na escrita, sendo rotulado por seus professores e vizinhos. Como toda criança, o personagem Ishaan não consegue verbalizar adequadamente seus sentimentos e dúvidas, mas expressa-se de diferentes formas, dentre elas o desenho. Alguém aí já leu o livro "As cem linguagens da criança"? 
Fala sobre a experiência da escola de Reggio Emílio, na Itália, que tem o cuidado de trabalhar através da leitura, escrita, artes, corpo, música, dentre outras formas, diferentes maneiras do ser humano se expressar. Voltando ao filme, seu pai e professores não tem a devida sensibilidade para pararem e ouvir as razões de determinados comportamentos por parte do menino. Meu argumento existe em muitas cenas, mas destaco a briga com o vizinho, onde o pai nem buscou ouvir o lado do filho no conflito e de seus professores quando Ishaan verbaliza que as letras dançam e comete os mesmos erros nas tarefas e apenas consegue reforçar seu rótulo de bagunceiro, disperso e burro (ou desprovido de inteligência). Apenas a mãe do menino busca respostas através do estado corporal do filho, buscando uma maneira mais amorosa para indagá-lo, observar seus desenhos, corpo, alegria ou tristeza.
Podemos perceber através de cada música e de cada gesto do ator mirim, a dor que sente ao separar-se dos pais. O desenho em que vai lentamente separando-se dos seus expressa o que ele sente: que está saindo da família e as razões para isto é por total culpa sua, já que não consegue (por mais que se esforce) aprender a ler e a escrever.O menino acredita que está sendo punido por sua não aprendizagem e seu comportamente tão diferente de seu irmão indo para um colégio interno e verbaliza isto quando pergunta ao seu colega de classe o porque dele estar lá, já que ele é o primeiro da turma (para ele, todas as crianças da escola estão lá pela sua mesma razão). Percebemos que a perspectiva da criança é diferente da dos adultos. Ao ter seus exercícios riscados com um enorme xis vermelho, sente-se ele próprio sendo reprovado. Ele não consegue perceber que a consequência de seus atos, muito menos da forma de corrigí-los pois nem ao menos tem consciência se errou, quando, porque. Lembro de um fato ocorrido há alguns anos, finalizado um projeto sobre o ar com construções de páraquedas de brinquedo, quando uma criança veio a mim (bolsista) e sua professora chorando, quando perguntamos qual a razão do choro, ela disse: "A Lívia rasgou o meu páraquedas". Sua professora então disse tranquilamente: "Então agora ela vai dar o dela pra você", a criança continuou chorando e disse: "Só porque eu rasguei o dela, ela foi e rasgou o meu". O egocentrismo que Piaget falava apresenta-se claramente nesta ação/fala, daí a dificuldade em perceber a consequencia de suas ações em um outro.
Os professores de Ishaan, como os adultos mediadores, não buscavam compreendê-lo/conhecê-lo como o fez o professor substituto de artes. Este não encarava o comportamento do menino como rebeldia contra ele, mestre. Esta maturidade em entender que sua indisciplina em não realizar as tarefas, não era uma afronta aliada com o conhecimento foram determinantes para buscar novos meios para ajudar o menino. É muito mais fácil analisar uma situação dificultosa de causa desconhecida como sendo um problema do outro e, por isso, nada posso fazer, a não ser culpá-lo, do que ir em busca desta desconhecida razão. Quero dizer que, os professores saem das universidades com sua formação cheia de lacunas e ao se depararem com uma situação do tipo, acomodam-se e não buscam solução para o problema. Quando digo professores, enquadro todo o corpo escolar. Na fala da diretora da primira escola para os pais de Ishaan: "A escola não vai mais poder ajudá-lo", perguntei-me quando haviam tentado fazê-lo... As duas escolas visavam disciplina, apenas o professor substituto buscou a educação plena de Ishaan (cognitiva, emocional e social). Uma criança que estava com auto-estima  em baixa não ousava mais tentar melhorar, por não se achar capaz. Uma cena do filme onde aranhas saem de sua mochila e vem atormentá-lo demonstra quão assustado o menino estava diante de sua dificuldade em ler e escrever.
Chamo atenção também para a metodologia usada pelo professor substituto. Seu primeiro contato com a turma foi contagiante, rompendo com a distância habitualmente usada pelos demais professores. Laços afetivos foram criados, tendo como consequência crianças mais confiantes e ousadas. Utilizava atividades significativas para todos, motivando-os e prendendo suas atenções. Prova da motivação conseguida está na cena em que Ishaan levanta-se cedinho, apronta-se determinado e vai para o local a ser representado no concurso de pintura. Mostrar aos outros professores e alunos um lado especial da criança tão calejada e perseguida, aponta-lhes que as inteligências são múltiplas e, por isto, devem ser exploradas e valorizadas igualmente. Todos puderam entender e apreciar as qualidades de Ishaan, fazendo-o sentir-se mais valorizado e seguro para interagir melhor, expressar-se melhor e aprender mais. Como disse o professor substituto em seu exemplo sobre uma ilha, há diversas formas de matar e amputar um ser vivo, uma das ferramentas de grande eficácia são palavras e atitudes degradantes ao outro.
Finalizando, se eu realmente tiver que escolher uma cena específica, escolho a do link abaixo. Acredito que esta ação foi determinante no problema de Ishaan.

 http://www.youtube.com/watch?v=1e4b2rVdHjg&feature=player_embedded
Que bom que a professora Carol abriu um espaço na grade de sua disciplina para encaixar um filme que nem tem tanta especificidade com sua disciplina. Penso que um debate mais ampiado sobre pontos chaves do filme seria melhor, com mais tempo para pesquisa e socialização das idéias. Fiquei sabendo que este filme foi utilizado na semana pedagógica da escola que trabalhava. É uma baita escola, que investe mesmo na motivação e estudos dos professores. Mais uma vez, obrigada pela oportunidade Carol, já fiz os primeiros discípulos deste filme e já pensei em outros!

2 comentários:

  1. O filme permite debates sobre uma infinidade de assuntos. Mas o foco que pretendi com esse filme foi o de olharmos mais abertos para as crianças que fogem ao padrão! Somos todos especiais, né?

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